Autoras: Mellchan & Sunchii
Capítulo 5: Porão, Revelações e armários...
Início
*Mell PoV’s*
Já estávamos no meio da aula de Física, o professor
explicava pela centésima vez que a terceira lei de Newton não era a lei da
vingança para Ambre, que como sempre, teimava que ele não sabia de nada e que
quando alguém faz algo é uma ação e que quando a outra responde é a reação.
– Isso não acaba nunca? - Murmurei baixinho.
Não tinha nenhum sinal de Sun, ela disse que chegaria ainda
essa aula, porém estou começando a duvidar. Olhei para Lysandre que devia estar
compondo, pois não havia formula nenhuma naquele bloco.
Ambre e Charlotte cochichavam algumas coisas quando Sun
entrou correndo na sala. Ela estava vermelha e respirava com dificuldade. Todos
meus colegas a olhavam como quem queria uma explicação. Ela só sentou ao meu
lado e suspirou aliviada.
– O que aconteceu?
– Hn? Nada. - Piscou se fazendo de confusa. - Nada mesmo.
– Sun. Eu te conheço.
– Ah... Só me deparei com o ruivo e aí a diretora nos viu e
começou a nos perseguir, sem contar que o seu “namorado”, aliás, você vai me
contar essa história direito, hein?! Bem, Pietro estava matando aula.
– Pietro não é muito santo, sei que mata aula. E não
acredito na sua estória, acho que está um pouco modificada, todavia, vou
ignorar dessa vez. Não estou muito bem hoje, deve imaginar.
– É com ele que perdeu o seu BV? - Mudou de assunto e abriu
o caderno para rabiscar alguma coisa, provavelmente desenhos sem sentido, algo
como caveiras. - Não gosto dele. Você e Lysandre formam o par perfeito, mas ele
vai servir para fazer ciúmes.
– Pietro gosta mesmo de mim e fazendo ele desse jeito, só
vou ferir ele, caso descubra. - Reclamei para Sun que ficou calada durante um
bom tempo. - Não me olhe como se eu fosse uma menina frágil, mas quero que
perceba que gosto dele como amigo.
– Mas namorou com ele. - Concluiu enquanto amassava uma
bolinha de papel.
– É outro caso, vamos dizer que o meu calor da adolescência
foi mais cedo do que imaginava e foi na hora. Eu me sentia bastante atraída por
ele, pois era um cara legal e bonito e que gostava de mim...
– Hum... - Jogou a bolinha para frente e bateu na cabeça de
Lysandre, ele olhou para trás e Sun fez com que abrisse. - Que fofinho, o
Lys-fofo corando só porque eu coloquei “Mell e Lys” dentro de um coraçãozinho.
– O que você fez? - Me exaltei e levantei da mesa. Todos me
olharam e começaram a rir de mim, para variar. - Sun, você não fez isso, certo?
- Ela assentiu silenciosamente, logo depois gargalhando.
– Não me diga que não gostou! - Falou convencida. - Ei, Lys!
– O que foi, Watanabe?
– Gostou? Melody que fez.
– É-É-É mentira! - Gritei gaguejando, dei um soco fraco no
ombro de Sun que ria histericamente na cadeira e é claro, que a aula inteira -
juntamente com o professor que havia parado de dar matéria para nos observar -
nos encarava constantemente, também riam e cochichavam.
– Não tem problema. - Falou com a sua voz calma de sempre.
Senti as minhas bochechas queimarem, mas nem tanto quando Sun começou junto com
a sala a cantar uma clássica música de amor.
– Silêncio turma! - Ordenou o professor, logo a sala estava
em silêncio novamente.
– Com licença... - Bateu na porta de mau-humor ninguém menos
que Castiel.
– Foi pego pela diretora, hein? - Riu uma divertida Sun ao
meu lado, era tão a cara dela fazer isso, rir em situações da desgraça dos outros,
algo que me encantava de certo modo. Queria saber fazer aquilo tão facilmente.
– Não te interessa. - Resmungou e sentou ao meu lado. - O
que tá olhando?
– Você? - Resmunguei irônica. - Por que sentou no meu lado
se for para me encher?
– Que meda.
– Dois.
– Ora garota... - Começou Castiel reclamando, porém o parei.
– Shhh! - Coloquei a mão em sua boca. - Fica quieto ou muda
de lugar, tá? Estou aqui desde o início da aula.
É. Eu não estava com paciência hoje.
– Ora, como ousa! - Tirou rapidamente a minha mão e a jogou
contra a minha própria mesa de estudos. - Não toque em mim, não gosto que me
deem ordens, então, é melhor parar.
– Castiel. - Lysandre chamou. - Sente do meu lado, deixe
Mell em paz.
– Hunf. - Pegou o seu caderno e ficou ao lado dele em segundos.
O sinal bateu e teria mais dois períodos, os dois de
matemática. Sun me puxou pela mão e saiu porta a fora com facilidade. É nesses
momentos que eu não devia ter rejeitado as aulas de Karate que minha mãe queria
me pagar...
– Aonde nós vamos?
– Matar aula.
– Eu não mato aula, Sun. - Informei-a pausadamente.
– Vai começar. - Resmungou e me levou para o ginásio, onde
os alunos do terceiro ano jogavam futebol, entre eles, Pietro.
– Ótimo. - Respondi irônica, mais para mim mesma do que para
Sun.
– E então? Explica o seu “namoro” com Pietro.
– Não quero falar disso...
– E eu quero. Ponto final.
– Não é assim que as coisas funcionam, Sun.
– Com você, ao menos, é. Agora começa a falar, vai.
– Foi quase um namoro arranjado. Minha mãe e meu pai ainda estavam
casados e viviam conversando com uma vizinha minha, a mãe de Pietro, ficaram
meio que nos fazendo gostar um do outro. Mostrando as qualidades e virtudes...
– Hum. Você gostava mesmo dele?
– Na época até sim, mas depois ele se mudou e acabou tudo.
Não sabia que ele ia voltar... - Suspirei exaustivamente. - E é isso. Um
romance estúpido adolescente. Já passou, foram águas passadas.
– Ah. Então está bem.
Claro que eu não iria contar tudo para Sun. Ela não
precisava saber de tudo, até mesmo porque não posso me envolver muito com ela,
ainda mais que agora Ambre está a um passo de descobrir que eu estou sozinha em
casa. E conhecendo a peste, ela vai chamar Kaito. Meu pai para me levar embora.
Para sempre.
*Sun PoV’s*
Soltei um suspiro de cansaço, e encostei minhas costas na
parede, olhei para Melody, que provavelmente nunca em sua vida teria matado
aula. Soltei um riso abafado, e ela me olhou assustada. Ficamos olhando os
meninos jogarem até o fim da aula, quando finalmente o sinal tocou, foi
libertador.
– Mel, amanhã não é o dia em que teremos que apresentar
aquele trabalho de ciências?
– Não era história? - Ela perguntou calmamente.
– Sei lá... Acha mesmo que eu sei de que é.
– É verdade... Sun me ajuda! Eu terei que apresentar com o
Castiel... Ele não vai querer ir, ele vai me matar e...
– Melody respira, qualquer coisa eu denuncio ele para a
diretora, matar aula ele não vai. - Eu disse rindo.
– Sun! Para com isso, não é legal brincar com os sentimentos
das pessoas. E além do mais denunciar o Castiel seria arriscado.
– Ui, estou morrendo de medo daquele ruivo oxigenado, e no
que eu poderia lhe ajudar?
– Fala com ele para mim... - Ela disse calmamente.
– Não acredito... - Eu disse, caindo rapidamente em uma
crise de riso, Melody conseguia ser tão ingênua alguma horas... - Eu não vou
falar com... Vamos logo! - Eu disse, abrindo um pequeno sorriso em meus lábios,
que Melody conhecia muito bem.
– O que você vai fazer Sun... - Ela disse, tarde demais,
pois a este momento já estava arrastando-a até o porão.
– Hey, oh bandinha inútil! - Gritei jogando uma bolinha de
papel na cabeça de certo ruivo.
– Olha garota, se você me ama é só admitir, entendeu? Mas
antes que pergunte, não namorarei uma tábua que nem você. - Castiel disse com
um sorriso “maroto” em seus lábios.
– Antes que a gente namore eu cometo suicídio acredite. - Eu
disse dando língua. - Cadê o Lysandre? - Perguntei.
– Sun, mas eu não vim falar com o Lysandre.
– Mais eu vim! Cadê o senhor “perde o bloco de notas mais
vezes que seu amigo tolo mata aula”?
– O Lysandre está ajeitando umas caixas. Por quê? - Castiel
respondeu já com grosseria.
– Ciumento! - Provoquei novamente. - Ei Lysandre, Melody
quer falar com você.
– Mas eu não quero falar com ele Sun. - Melody gritou para
mim vermelha.
– Mas você não disse que queria falar sobre a bolinha da
sala de aula.
– Não! E foi você que jogou aquilo. - Ela gritou muito
envergonhada.
– Tanto faz. - Eu disse jogando-a para cima do senhor
“esquecido” e sair puxando Castiel para fora do porão. - Durmam bem! - Gritei
trancando os dois no porão.
– Sun! - Melody gritou irritada enquanto batia na porta do
porão.
– Vai mesmo deixar esses dois ai dentro? - Castiel falou com
uma cara feia para mim.
– Claro! Será divertido... - Eu disse tento um ataque de
riso. - Ah, e Melody pediu para eu falar com você, então... É bom que apresente
o trabalho amanhã direitinho! - Eu disse dando leves tapas em suas costas e
entregando o roteiro de fala a ele.
– E quem disse que eu virei amanhã? - Ele disse irritado.
– Eu disse! E você virá, porque Melody não tem nada a ver
com essa nossa briguinha besta, então você irá apresentar com um sorriso no
rosto e muito bem.
– Não me dê ordens, se não eu... - Ele disse irritado para
mim.
– Se não você o que? Senhor concertador de bonecas... - Eu
brinquei com sua cara, adorava irrita-lo, não tinha culpa se era um ótimo
passatempo.
– Ora sua... - Ele bufou de ódio.
– Ei, monstra, meu irmão mandou lhe entregar isso. - A voz
irritante de Ambre ressoou, jogando um caderno em mim. - Você esqueceu no
quarto dele ontem, não entendo o que ele viu em alguém de nível tão baixo como
você.
– Um cérebro talvez. - Eu respondi com um sorriso no rosto,
fazendo-a sair junto com o resto da manada de vacas.
– Foi na casa de Nathaniel? - Castiel me perguntou irritado,
ele parecia não ter gostado nem um pouco do que acabará de ouvir.
– Sim, a gente está fazendo dupla se esqueceu? - Eu respondi
calmamente. - Como na última vez que ele foi à minha casa, por causa de certo
rapaz, o clima ficou tenso, acabamos combinando de eu ir à casa dele para
memorizarmos o...
– E você ficou no quarto dele? - Ele me interrompeu
novamente, dessa vez quase que gritando.
– É claro que sim, onde mais eu ficaria? - Eu disse rindo
ainda.
Senti os braços de Castiel me empurrarem, até minhas costas
baterem em um dos armários ali perto, acabei meio que ficando presa por causa
do braço do ruivo, sentir meu rosto esquentar bruscamente, mas ele nada vez,
apenas me observou.
– Você é minha! Entendeu? - Ele falou, enquanto se
aproximava de mim, conseguia sentir sua respiração irritada em minha pele, o
que não ajudava muito, e só fazia meu rosto esquentar ainda mais.
– Não! - Disse tentando manter ainda a postura de forte, que
infelizmente tinha desaparecido em poucos segundos. Agora eu poderia entender
um pouco como Melody se sentia quando eu jogava-a em cima de Lysandre.
– Não me provoque. O que você viu naquele nerd? - Ele falou,
senti um pequeno sorriso maroto brotar em seus lábios, o que me deixou muito
aliviada.
– Um cérebro. - Repeti a brincadeira, conseguindo somente
deixa-lo mais irritado. Por um momento achei que realmente iria apanhar naquela
hora. Não que Castiel aparente ser do tipo que bate em meninas, mas eu tinha
provocado ele da pior forma possível.
Senti suas mãos descerem a minha cintura, e seus lábios
tocarem nos meus rapidamente, era um beijo sem sentimento, provavelmente para
me provocar, infelizmente, uma parte de mim não queria acreditar nisso. Senti
suas mãos subirem enquanto brincava com meus cabelos calmamente, meu coração
palpitava a mil. Era quente, feroz, mas ao mesmo tempo frio, e calmo. Não tem
sentimentos, não devo deixa-lo me enganar por um simples beijo, tentei
convencer a mim mesma disso. Até que infelizmente, a porcaria do oxigênio interrompeu
o beijo.
– Seu estúpido, o que pensa que estava fazendo?! - Gritei,
voltando finalmente a mim mesma, e notando o quão estúpido foi todos meus
pensamentos, foi errado... Eu estava tentando enganar a quem? Eu gostava dele,
mas Castiel nunca se apaixonaria por uma boba que nem eu.
Senti as lágrimas fluírem, não tinha necessidade de elas
aparecerem, mas antes que pudesse notar eu já estava chorando, pela segunda vez
eu estava chorando na frente dele, Castiel não pronunciou nada, somente olhava
para o outro lado, nem mesmo me prendia ao armário ou me fitava.
– Pare de ser tão estúpida, até parece que não gostou. - Ele
pronunciou, senti sua voz falhar em algumas palavras, e jurei ter visto uma
pequena fração de seu rosto vermelho.
– É claro que não, que garota gostaria de ter tido seu
primeiro beijo roubado por um estúpido que nem você... - Tampei minha boca,
ignorando as lágrimas, somente me amaldiçoei, eu tinha falado demais, como
sempre.
– Quer dizer que você nunca tinha beijado nenhum garoto
antes? - Ele perguntou voltando ao seu estado normal. Enquanto aparentemente
segurava o riso.
Nada falei, apenas tentei sair, eu precisava realmente
descansar, teria que me lembrar de mandar Nathaniel abrir o porão antes de
sair, já que o mesmo sempre era o último a sair da escola. Mas senti minha mão
sendo segurada por Castiel.
– O que você quer? - Eu gritei ainda chorando, eu era uma
fraca.
– Não se preocupe... Eu irei ir para a aula amanhã... - Ele
falou. - E...
– Me deixa em paz Castiel. - Eu falei irritada, e saindo
correndo para bem longe dele.
Passei rapidamente na sala dos representantes, depois de
ignorar as broncas e as perguntas de Nathaniel, ele finalmente concordou em
soltar Melody, apesar de falar mil vezes que eu poderia me dar mal por isso.
Depois disso somente fui para casa. Ainda com pensamentos a mil, e para piorar,
ciente que amanhã teria que responder perguntas a Nathaniel, Melody e
provavelmente ao ruivo maldito e ainda oxigenado.
Fim do Capítulo 5
Biju: Beu-Chan